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Wellton Máximo
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje (10) que a economia brasileira começará a se recuperar de forma mais rigorosa a partir do segundo semestre. Segundo ele, os seis primeiros meses do ano serão de desempenho moderado.
“No primeiro semestre, a economia registrará níveis melhores do que no final do ano passado, mas ainda abaixo de 2008. O crescimento só vai ser maior a partir do segundo semestre”, declarou Mantega, ao comentar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre, que caiu 3,6%, entre outubro e dezembro.
O ministro admitiu que, com esse resultado, será difícil que o país atinja a meta de crescer 4% em 2009. Ele, no entanto, disse que o PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas no país, será positivo este ano.
Ao comentar o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2008, Mantega disse que as medidas para a construção civil devem facilitar a compra da casa própria. Segundo ele, o pacote habitacional em elaboração pelo governo não terá redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para material de construção.
“O pacote se concentrará no subsídio para o comprador com recursos do orçamento e do FGTS [Fundo de Garantia por Tempo de Serviço]”, afirmou. A Assessoria de Imprensa do Ministério da Fazenda, porém, confirmou que o pacote prevê a redução de outros impostos para o setor.
O ministro negou ainda que pretenda ampliar a redução do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para estimular a economia. “No momento, não vemos espaço fiscal para essa medida”, disse.
Mantega confirmou que, no próximo dia 20, apresentará os novos números do orçamento com revisão de queda nas receitas e ampliação do corte de gastos. Ele disse, no entanto, que o governo não pensar em reduzir a meta de superávit primário (economia feita pelo governo para pagamento de juros da dívida pública) estimada em 3,8% do PIB este ano. “Por enquanto, estamos trabalhando com ajustes nas despesas, principalmente custeio. Não cogitamos reduzir o resultado.”
O ministro indicou que poderá usar os recursos do Projeto Piloto de Investimentos (PPI), que permite o abatimento de até 0,5% do PIB no cálculo do resultado primário. “A lei é flexível. Vale lembrar que o PPI ainda não foi usado”, lembrou.
Sobre economia internacional, Mantega afirmou que o Brasil vai sugerir ao Fundo Monetário Internacional (FMI) que regule o fluxo mundial de capitais e empreste recursos excedentes dos países desenvolvidos para as nações em desenvolvimento. Ele pretende apresentar a proposta na reunião de ministros de finanças do G-20 no final da semana, no Chile.
O encontro servirá como preparativo para a reunião de chefes de Estado do G-20, que ocorrerá em abril em Londres. Mantega disse que a idéia ainda será debatida pelos países do Bric, grupo de países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China.
A proposta de Mantega tem como objetivo corrigir o desequilíbrio no fluxo global de capitais que se instalou depois do agravamento da crise econômica internacional. “Com a piora da crise, os investidores passaram a retirar dinheiro dos países emergentes e aplicá-los em países como Estados Unidos, Japão e China”, explicou Mantega.
Para ele, essa movimentação prejudica o comércio mundial e agrava ainda mais a crise econômica. “Com tanto capital indo para as nações desenvolvidas, a moeda norte-americana se valoriza. Isso prejudica as exportações dos Estados Unidos e as importações dos países emergentes”, afirmou.
Se os países assumissem o controle do fluxo financeiro internacional,segundo o ministro, a crise seria debelada mais rapidamente. “Os países com excesso poderiam dirigir o fluxo para os países emergentes, o que corrigiria muitas distorções”, declarou.
Apesar dos prejuízos nas bolsas de valores e da quebra de instituições financeiras, vários países desenvolvidos têm recebido mais recursos internacionais. Isso porque os investidores retiram dinheiro das bolsas e aplicam em ativos de menor risco, como os títulos do tesouro norte-americano.
Esse dinheiro, na prática, financia o déficit público recorde de US$ 1,75 trilhão nos Estados Unidos e permite que o governo do presidente Barack Obama aumente os gastos para estimular a economia, mesmo com recessão e queda na arrecadação.
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